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Saúde mental na metamorfose do adolescente para a vida adulta

  • Foto do escritor: Fernanda Pérez
    Fernanda Pérez
  • 28 de mai.
  • 10 min de leitura

Atualizado: 2 de jun.

A transição da juventude para a vida adulta é, muitas vezes, uma verdadeira metamorfose. Não se trata apenas de uma mudança de idade, mas de um processo interno, silencioso, no qual o peso das escolhas começa a se sobrepor à leveza da descoberta.


Foto retirada do site Poder360º/PoderSaúde
Foto retirada do site Poder360º/PoderSaúde

Por Fernanda Perez*



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É comum que na fase de transição do jovem para a vida adulta, surjam cobranças vindas de todos os lados. A família espera decisões firmes, a sociedade exige resultados, e as redes sociais contribuem com comparações constantes. O tempo parece sempre correr, e a impressão é de que é preciso estar à frente, mesmo quando ainda não se sabe exatamente para onde ir.


Escolher uma profissão, entrar em uma universidade, conquistar autonomia financeira e emocional, tudo isso chega de forma quase abrupta. E mesmo sabendo que cada trajetória tem seu ritmo, é difícil não se sentir atrasado ao olhar ao redor. A comparação, mesmo involuntária, gera frustração e alimenta a ideia de insuficiência.


Essa pressão constante pode desencadear consequências profundas. A ansiedade se torna parte da rotina, a tristeza se instala aos poucos, e o esgotamento emocional passa a ser comum. Em muitos casos, surgem quadros de depressão e burnout, que acabam sendo invisibilizados por uma sociedade que infelizmente ainda valoriza mais o desempenho do que o bem-estar.


O que intensificou tudo isso?


Durante a pandemia da COVID-19, esse cenário se intensificou de forma marcante. O isolamento social, a insegurança diante do futuro e a interrupção de rotinas e planos pessoais e profissionais criaram um ambiente de instabilidade emocional. Para quem já enfrentava o delicado processo de transição da adolescência para a vida adulta, esses fatores atuaram como gatilhos que ampliaram sentimentos de angústia, ansiedade e solidão.


Nesse contexto, a saúde mental passou a ser discutida com mais frequência, saindo das sombras para ocupar um espaço mais visível no debate público. No entanto, apesar dos avanços, ainda há uma distância significativa entre falar sobre saúde emocional, e de fato, compreender sua complexidade, especialmente durante uma fase de tantas transformações internas e externas.


O jovem, muitas vezes, é pressionado a ter respostas rápidas: escolher uma profissão, alcançar estabilidade, manter produtividade constante, tudo isso enquanto ainda está tentando se entender. Nem sempre há espaço para o erro, para a dúvida, para o tempo próprio de amadurecimento. A sociedade tende a valorizar certezas e resultados, deixando pouco lugar para o processo, que é, por natureza, caótico e incerto.


“Esse sentimento de entregar tudo tão rápido, foi mais ligeiro do que eu imaginei no começo da pandemia tinha 14 anos, quando terminou tinha 17 e já tinha que resolver tudo, escolher profissão, decidir futuro, todas as escolhas a partir dali tinha que ser decisiva, e isso acabou me matando por dentro.” – Disse Manuela Barreto, 19 anos, estudante de publicidade.

“Enquanto eu estava no terceiro ano, estudando para o ENEM, a escola pressionava demais, já tinha a minha autocobrança claro, de sempre ser o melhor, meus pais cobravam muito de mim, isso me deixou doente, desenvolvi depressão, não tinha quem me recolher, me sentia sozinho e perdido, queria agradar a todos mas não sabia como.”Pedro Sena, 20 anos, estudante de engenharia.

É justamente essa falta de acolhimento às incertezas que torna a travessia ainda mais difícil. Reconhecer que cada jornada é única, que o amadurecimento não obedece a prazos fixos e que o sofrimento também faz parte do crescimento, pode ser um passo essencial para lidar com essa fase de forma mais empática e humana. Mesmo quando tudo parece confuso, aceitar que não existe um roteiro certo pode aliviar o peso e abrir espaço para que cada um encontre seu próprio caminho.


Por que é uma pauta quase invisível?


A saúde mental na transição da adolescência para a vida adulta ainda é uma pauta quase invisível, muitas vezes ignorada ou tratada como exagero. Isso acontece porque essa fase é geralmente vista como um momento natural de instabilidade, o que leva muitos adultos a minimizar o sofrimento dos jovens com frases como "é só uma fase" ou "todo mundo passa por isso". Essa banalização não reconhece o peso real das transformações emocionais, sociais e existenciais que marcam esse período, criando um silêncio perigoso em torno das angústias e inseguranças vividas pelos adolescentes e jovens adultos.


Além disso, o estigma em torno da saúde mental ainda é forte, e falar sobre ansiedade, depressão ou medo do futuro costuma ser visto como fraqueza ou falta de maturidade.


De acordo com o professor Patrique Almeida, “a saúde mental ainda é um grande tabu, sendo negligenciada, mesmo com todos os indicativos e dados expostos em pesquisa. Seguindo a ideia de Sociedade do cansaço, de Byung, parece que a saúde mental ainda fica em segundo ou terceiro plano , em relação à correria cotidiana, e isso não escapa às instituições de ensino.”

A falta de espaços seguros para escuta, tanto nas famílias quanto nas escolas, reforça esse cenário, fazendo com que muitos jovens sofram calados por medo de serem julgados ou desacreditados. A pressão social para serem produtivos, decidirem seu futuro e corresponderem a expectativas altas apenas agrava a sensação de inadequação e solidão, especialmente em um sistema que cobra muito e apoia pouco.


Almeida ainda reforça, e diz que “a presença de profissionais, como psicólogos, cuja presença tem sido marcada inclusive por leis, nos últimos anos, se faz essencial na mediação entre professores/ estudantes/famílias, atuando tanto no acompanhamento e identificação de questões emocionais. A promoção de diálogos entre escola/família, através de encontros com debates e orientações têm se formado presente em algumas instituições.”

O professor ainda completa com uma informação muito interessante, “A lei 13.935/2019 estabeleceu a necessidade de psicólogos em escolas da rede básica. Entretanto, essa obrigatoriedade ainda é negligenciada ou completamente ausente em escolas periféricas ou da rede pública.”

Esse descaso é reforçado pela ausência de políticas públicas eficazes e pela forma superficial com que a mídia retrata o sofrimento juvenil. Em vez de acolher, muitas vezes a sociedade prefere silenciar ou estigmatizar. Tornar essa pauta visível é reconhecer que essa metamorfose entre adolescência e vida adulta não é apenas uma fase, é um processo complexo que precisa de apoio real, empatia e escuta, para que os jovens possam construir sua identidade de forma saudável e segura.


Imagem disponível no site oficial do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Imagem disponível no site oficial do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Como a questão da saúde mental aparece nas instituições de ensino? Há apoio necessário?

 

Nas escolas e universidades, é comum observar sinais de sofrimento mental como desmotivação, isolamento, dificuldades de concentração e até comportamentos mais graves, como automutilação ou ideação suicida. Os alunos acabam enfrentando diversas responsabilidades como tarefas com prazos, ansiedade por provas como validação de conhecimento, pressão por resultados, falta de apoio institucional, o que isso tudo pode levar ao esgotamento emocional, como a síndrome de burnout. Essas situações demonstram que o cuidado com a saúde mental precisa ser uma prioridade dentro do ambiente educacional.


O professor Patrique Almeida comunica um pensamento importante, o mesmo fala “Bourdieu sinalizava para o duplo processo da escola: tanto um papel mais conservador, de conformidade e adequação às regras sociais; como a escola também possui um caráter renovador, que busca modificar a sociedade, trazendo inovações para épocas vindouras. Compreendendo esse processo, percebo a escola com um duplo papel de acolher os estudantes, produzindo um ambiente benéfico para o aprendizado e boas relações; mas também com a função de discutir e refletir a respeito das formas como a sociedade afeta os indivíduos no decorrer do tempo, e isso engloba os estudantes e todos os demais.”

Segundo a educadora Cida Barros, para que escolas e faculdades contribuam efetivamente para o desenvolvimento emocional dos alunos, é fundamental que estejam atentas no dia a dia, observando sinais de incômodo ou desconforto. Além disso, é importante promover ações de conscientização e sensibilização sobre o tema. A professora destaca ainda que algumas instituições já contam com programas de apoio psicológico, e muitas oferecem orientações a educadores e palestrantes, incentivando o debate e a abordagem da saúde mental no ambiente educacional.


Apesar desses avanços, ainda há um longo caminho a percorrer. Em diversas realidades, o apoio oferecido é insuficiente diante da demanda crescente. Falta investimento em políticas públicas voltadas à saúde mental na educação, bem como a formação adequada de educadores para lidarem com essas questões no cotidiano escolar. Muitos profissionais sentem-se despreparados para identificar e encaminhar casos mais delicados, e nem todas as instituições contam com equipes multiprofissionais para dar o suporte necessário.


Portanto, embora a saúde mental esteja se tornando um tema mais presente nas instituições de ensino, o apoio ainda não é universal nem plenamente eficaz. É fundamental que esse cuidado seja integrado de forma contínua e estruturada à rotina escolar, como parte de uma educação mais humanizada e atenta às necessidades emocionais dos alunos.


Imagem disponível no site do Hospital Santa Mônica, na publicação sobre ideação suicida.
Imagem disponível no site do Hospital Santa Mônica, na publicação sobre ideação suicida.

Qual a importância da terapia nesse processo todo? Como ela pode ajudar os jovens a não se prejudicarem tanto?

 

Os efeitos da pressão constante e da sensação de insuficiência não são apenas emocionais: eles se refletem diretamente na saúde mental dos jovens. Transtornos como ansiedade, depressão e burnout tornaram-se cada vez mais comuns, afetando o rendimento escolar, os relacionamentos e até a percepção de identidade.


Conforme a psicóloga Beatriz Pedreira, a terapia tem um papel fundamental no processo de metamorfose do jovem para a vida adulta, pois esse é um período marcado por intensas mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas. Durante a adolescência e juventude, o indivíduo está formando sua identidade, enfrentando conflitos internos, construindo autonomia e lidando com pressões externas, como expectativas familiares, acadêmicas e sociais. Nesse cenário, a terapia atua como um espaço seguro de escuta, acolhimento e orientação, ajudando o jovem a compreender suas emoções e a desenvolver habilidades para lidar com os desafios dessa fase.


“Muitos jovens já apresentam alguns transtornos como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtornos alimentares (anorexia, bulimia), Depressão (carregada muitas vezes com transtorno de ansiedade), esses transtornos muitas vezes surgem ou se intensificam na adolescência, uma fase marcada por mudanças hormonais, pressões sociais e busca por identidade.” – Relata a psicóloga.

A importância da terapia está também em oferecer ao jovem uma oportunidade de se conhecer melhor. O autoconhecimento é uma ferramenta poderosa para identificar padrões de comportamento, reconhecer gatilhos emocionais e tomar decisões mais conscientes. Quando o jovem entende o que sente e por quê, ele se torna mais preparado para enfrentar frustrações, rejeições, inseguranças e dúvidas sobre o futuro, sentimentos comuns nessa etapa da vida.


Outro ponto que intensifica muito a saúde mental destacada por Beatriz é a questão das redes sociais, um dos impactos mais significativos é o estímulo constante à comparação, principalmente ao navegar por plataformas como Instagram e TikTok, os jovens são expostos a uma infinidade de imagens de pessoas com "vidas perfeitas", corpos idealizados, conquistas precoces e momentos de felicidade contínua. Isso cria um cenário em que é fácil se comparar negativamente e sentir que não está à altura, gerando uma sensação de inadequação e inferioridade. A busca por aprovação medida por curtidas, comentários e seguidores, se torna uma fonte constante de estresse. Quando essa validação não vem, muitos se sentem rejeitados ou invisíveis. Isso pode gerar uma dependência emocional das redes e alimentar o medo de estar "por fora", essa disparidade entre o que se vê online e o que se vive na realidade pode gerar baixa autoestima, insegurança e dúvidas sobre seu valor pessoal.


“Eu olhava aquelas meninas magras, bonitas , via sempre muitas curtidas, eu queria ter o corpo dela, o engraçado que o meu sonho desde dos 13 anos era ser magra, sim, ser magra, não era tipo, passar de ano, viajar para fora, ficar rica, não, isso para mim não era importante, o mais importante para mim era ser magra, por que para mim se eu assim fosse, iam me valorizar, me achar bonita, meu sonho na adolescência era ser magra”. – Diz Clara Nunes, estudante de cinema.

Dessa forma, a terapia funciona como um escudo: não irá protegê-lo de tudo, mas oferecerá ferramentas para entender, lidar e reorganizar os desafios da vida. Por meio de uma escuta ativa e de um espaço acolhedor, a pessoa se sente segura e encorajada a falar sobre seus problemas. A terapia promove crescimento, autoconhecimento e o reconhecimento do próprio valor. Ela reforça a importância de cuidar da saúde mental, mostrando que o bem-estar emocional não é um detalhe acessório, mas uma parte essencial da formação humana.


Foto retirada do site O Futuro das Coisas, na matéria sobre saúde mental.
Foto retirada do site O Futuro das Coisas, na matéria sobre saúde mental.

Como o processo de se lidar com a pressão sobre futuro profissional e sucesso afeta a saúde mental do jovem-adulto?


A pressão sobre o futuro profissional e a busca por sucesso têm afetado profundamente a saúde mental de jovens-adultos. Nessa fase de transição, principalmente entre os 17 e 25 anos, espera-se que o indivíduo conclua seus estudos, conquiste independência financeira e estabeleça sua identidade profissional. No entanto, essas expectativas muitas vezes geram ansiedade intensa, já que muitos jovens se sentem atrasados em relação aos seus pares, especialmente quando se comparam constantemente nas redes sociais ou enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho.


A pressão social e familiar também contribui significativamente para esse cenário. Muitos jovens enfrentam expectativas explícitas ou sutis para conquistar sucesso financeiro e estabilidade em pouco tempo. Além disso, a cultura da comparação, amplificada pelas redes sociais, reforça padrões idealizados de felicidade e realização, que muitas vezes são inalcançáveis. Isso cria um ciclo de autocrítica e insatisfação, mesmo quando o jovem está progredindo em seu ritmo.


Alguns jovens para se sentirem melhor, realizam algumas condutas que seguem seus ideais de vida e os acalmam, a prova viva, Vitória Freitas de apenas 20 anos destaca:

“Costumo ouvir músicas, especialmente uma do Billy Joel: Vienna, fala muito sobre respeitar o tempo das coisas, parece que aos 25 temos que estar noivando e parcelando um apartamento. Não, não precisamos contrair dívidas imobiliárias com 20 e poucos anos, e não temos que atender às expectativas de ninguém. O nosso caminho é nosso, e cada um tem seu tempo.” – Vitória Freitas, estudante de Marketing Digital.

Outros seguem a mesma linha de raciocínio, se organizam, tem tudo planejado, estão cientes de suas responsabilidade e que devem cumpri-las, vemos isso com o seguinte relato: 

“Eu tento lidar da maneira mais estoicista possível, eu tento controlar aquilo que eu posso, se eu posso estudar, eu vou estudar mais, eu tento fazer a minha parte, isso me deixa mais tranquilo, e menos ansioso, e entender que nada acontece da noite para o dia, é um passo de cada vez, e não um salto, sempre um degrau de cada vez sabe?!” – Diz Matheus Gonçalves, 22 anos, Estudante de Direito.

Diante desse contexto, ainda que alguns jovens consigam manter-se parcialmente conectados aos seus princípios e encontrem certa estabilidade emocional, muitos outros enfrentam sérias dificuldades e chegam a pedir socorro diante da intensa pressão para "ser alguém na vida". Por isso, torna-se fundamental adotar estratégias que promovam o equilíbrio emocional e o bem-estar.


A psicoterapia surge como uma ferramenta valiosa para lidar com a ansiedade, reorganizar pensamentos e repensar expectativas. Além disso, buscar o autoconhecimento, estabelecer metas realistas e contar com o apoio de familiares, amigos e instituições educacionais são atitudes que contribuem para aliviar a pressão interna e externa. Compreender que o sucesso não é linear e que os fracassos fazem parte do amadurecimento é essencial para construir uma trajetória mais saudável, consciente e sustentável.


O que podemos concluir disso tudo?


A juventude é uma fase marcada por intensas transformações, descobertas e questionamentos. Nesse período de transição entre a adolescência e a vida adulta, espera-se que os jovens escolham rumos, definem identidades e tracem planos, muitas vezes, sem o suporte necessário para lidar com tamanha responsabilidade. Em meio a essa cobrança constante, a saúde mental se fragiliza, especialmente quando não há espaços legítimos de acolhimento, escuta e orientação. A pressão para ter tudo resolvido dos 18 aos 20 anos, aliada à falta de suporte institucional e familiar, contribui diretamente para o aumento de quadros de ansiedade, depressão e outras formas de sofrimento psíquico.


Foto: Freepik.
Foto: Freepik.

O impacto da pandemia da covid-19 tornou esse cenário ainda mais delicado. O isolamento social, a interrupção das aulas presenciais e o aumento da instabilidade econômica acentuaram a sensação de incerteza e solidão entre os jovens. Muitos passaram a enfrentar esses desafios em silêncio, sem saber a quem recorrer ou como expressar suas angústias. Mesmo com o avanço nas discussões sobre saúde mental nos últimos anos, o tema ainda é permeado por tabus, sobretudo no ambiente escolar, onde o suporte emocional, quando existe, ainda é insuficiente e pouco estruturado. Falar sobre sofrimento psicológico continua sendo, para muitos, um ato de coragem em espaços que não foram preparados para ouvir.


Além disso, o ambiente digital intensifica essas pressões. As redes sociais, ao mesmo tempo que oferecem conexão, também criam comparações constantes e irreais. Corpos perfeitos, vidas editadas, conquistas precoces, tudo isso contribui para uma cultura da performance e da perfeição. Jovens que estão apenas começando a entender quem são se veem obrigados a corresponder a padrões inalcançáveis. Essa exposição contínua à idealização alheia pode gerar sentimentos de inadequação e fracasso, ampliando ainda mais o sofrimento mental e em muitos casos, levando ao desenvolvimento de distúrbios alimentares, crises de ansiedade e episódios depressivos.


Nesse contexto, a terapia surge como uma ferramenta indispensável. Mais do que um tratamento para momentos de crise, é um caminho de autoconhecimento, escuta e fortalecimento emocional. No entanto, é preciso reconhecer que o acesso a serviços de saúde mental ainda é um privilégio. A maioria dos jovens não encontra, na rede pública, atendimento contínuo e qualificado. Isso evidencia a urgência de políticas públicas voltadas à promoção da saúde mental, com investimentos em psicólogos nas escolas, campanhas de conscientização e estratégias de prevenção. Também é necessário que as instituições de ensino assumam um papel mais ativo no desenvolvimento emocional dos alunos, entendendo que o bem-estar psíquico é tão importante quanto o desempenho acadêmico.


Portanto, falar sobre a saúde mental da juventude não é um tema lateral ou opcional, é uma urgência social. Cuidar do emocional dos jovens é garantir que eles cresçam com autoestima, segurança e consciência sobre seus direitos e seus limites. Mais do que exigir resiliência, é preciso oferecer suporte. Mais do que cobrar resultados, é necessário incentivar o processo. A sociedade precisa deixar de tratar jovens como projetos inacabados que devem se provar a todo instante, e começar a enxergá-los como sujeitos em formação, com medos legítimos, dores profundas e um enorme potencial de transformação. Apostar na saúde mental é apostar em um futuro mais humano, empático e justo para todos.


*Fernanda Pérez atua na produção de conteúdo, redação, revisão e gestão das mídias sociais. É também responsável pela checagem e pela coordenação geral dos textos.

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