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Cáritas Santo Antônio de Portão: educação, cuidado e voluntariado que mudam vidas

  • Foto do escritor: Flávio C. De Almeida
    Flávio C. De Almeida
  • 24 de nov.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de dez.

Arquivo Pessoal Cáritas
Arquivo Pessoal Cáritas

Por Flávio C. De Almeida

Cáritas Santo Antônio de Portão educação, cuidado e voluntariado que mudam vidas

No bairro de Portão, em Lauro de Freitas, onde a vulnerabilidade social atinge principalmente crianças e adolescentes, a Cáritas Santo Antônio se tornou um centro de proteção, formação e convivência. A instituição desenvolve um trabalho educativo e social que vai da prevenção ao trabalho infantil ao fortalecimento comunitário. Tudo sustentado por uma rede de voluntários que se doa diariamente.


Educação que protege e aponta caminhos


Desde 2017, a Cáritas atua com base na missão de “comunidades integradas e identidade resgatada”, como explica o gerente executivo, Fábio Vicente de Souza.

“A gente tenta mostrar ao jovem que é possível sair de onde ele está e avançar. Que ele pode ir para a universidade, ter autonomia, sonhar”

As atividades ocupam crianças e adolescentes em horários alternados à escola, o que ajuda diretamente no combate ao trabalho infantil. A instituição oferece violino, violoncelo, karatê, taekwondo, futebol no Quilombo Quingoma, escotismo, yoga, violão, cursos profissionalizantes, além de acompanhamento psicológico e atendimento médico para adultos, jovens e idosos.


Fábio reforça que essa presença constante evita que meninos e meninas fiquem vulneráveis na rua:

“A tendência é que essas crianças não fiquem na rua e não se tornem vulneráveis a buscar dinheiro de forma errada. É um trabalho de formiguinha, mas a gente vê resultado.”

E os resultados são visíveis: a primeira turma do projeto Jovens Cáritas teve os 12 jovens aprovados na universidade e que foi uma conquista rara em um território onde muitos não chegam ao ensino médio.


Foto de arquivo Pessoal Cáritas
Foto de arquivo Pessoal Cáritas

Voluntariado como base da transformação


O trabalho só existe graças aos voluntários. São eles que administram, acompanham, ensinam e orientam as famílias.


Renata, 21 anos, voluntária há quase três anos, explica que tudo começou pela vontade de ajudar a comunidade onde nasceu e cresceu:

“O que me motivou foi a ajuda ao próximo. Cada projeto que a gente faz é uma experiência diferente. A gente vê que tem pessoas com necessidades maiores que as nossas.”

Ela auxilia na parte administrativa, organiza documentos, ajuda nos atendimentos médicos e nos projetos de psicologia.

“Lidar com pessoas é sempre um desafio. Mas a gente tenta levar, respira fundo e segue. E isso vai mudando a gente também.”

Lúcia Cardoso também encontrou na Cáritas um novo sentido. Ela participa do bazar solidário e apoia as aulas de taekwondo:

“A gratidão é o que mudou minha vida. A gente adota cada criança como filho. A gente cuida, ama, acompanha.”

Ela se emociona ao contar que a comunidade reconhece a seriedade da instituição:

“As famílias confiam. A Cáritas beneficia muita gente e abre oportunidades para jovens não ficarem na rua.”

Até as crianças participam. Maria Emanuele, de 12 anos, ajuda no bazar ao lado da mãe:

“Eu me sinto uma boa voluntária. Eu gosto de ajudar. Gosto também de ser coroinha.”

Cuidar para educar


O trabalho educativo da Cáritas não se limita a cursos ou oficinas. Ele passa pelo cuidado integral: comida na mesa, saúde, moradia, escuta e afeto. Só este ano, mais de 5 mil cestas básicas foram distribuídas por meio do projeto Quilos do Amor. Fábio lembra que tudo vem de doações de pessoas físicas:

“É o pouquinho que se multiplica. Cada cesta é alguém acreditando que outra pessoa não pode passar fome.”

A Cáritas também acompanha áreas atingidas pelas enchentes do Rio Joanes e entrega kits emergenciais para famílias que perdem tudo em minutos.

Algumas ações são marcantes, como a construção da casa de dona Joelma e de dona Gracinha.

“Ela morava num barraco tão pequeno que precisava entrar abaixada. Hoje tem uma casa de verdade. Isso muda a vida de uma família inteira”, relata Fábio.

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Desafios que insistem


Apesar de todo impacto, o trabalho é marcado por desafios. O maior deles é financeiro. A instituição precisa de cerca de R$10 mil a R$15 mil por mês para manter suas atividades, mas não conta com apoio do município.

“Nós mesmos corremos atrás. Fazemos parcerias, bazares, pedidos. A Cáritas funciona por causa dos voluntários. Eles são nossa mina de ouro”, diz Fábio.

Também há a questão estrutural: a sede funciona dentro da paróquia. Com a rotatividade natural dos padres, o futuro do espaço sempre gera incerteza. Mesmo assim, há sonhos. Um deles é construir uma sede em Quingoma, perto do Hospital Metropolitano, que funcione como cozinha comunitária, espaço de formação e apoio para pessoas em tratamento.


Uma rede que educa pela convivência


O trabalho educativo da Cáritas não se limita a ensinar violino, esportes ou conteúdos profissionais. Ele ensina convivência, empatia, disciplina e solidariedade: valores que moldam crianças e jovens para a vida.


Renata resume o que aprendeu:

“A gente só entende o valor do voluntariado quando vive a experiência. Muda tudo na gente.”

E Lucia reforça:

“O amor é o que inspira. A gente faz por amor ao próximo.”

No Portão, a Cáritas mostra que educar não é apenas ensinar, é cuidar. E cuidar é transformar.

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